sexta-feira, 12 de julho de 2013

sexta-feira, 5 de julho de 2013

“Educação em Agroecologia permite diálogos entre saberes”

Por Daniel Ferreira

Durante o Seminário Nacional de Educação em Agroecologia, o Blog entrevistou a professora e coordenadora do Laboratório do Espaço, Cultural e Política (LecGeo) da Universidade Federal de Pernambucana, Mônica Cox, que fez uma análise da proposta de uma Educação em Agroecologia.  “A educação em Agroecologia permite diálogos entre saberes. Traz outro modelo de perspectivas para a educação”, declarou Cox.

Confira a abaixo a entrevista com Mônica Cox: 

Noite Cultural resgata manifestações culturais pernambucanas

Por Daniel Ferreira


Os participantes do primeiro Seminário Nacional de Educação em Agroecologia prestigiaram um verdadeiro desfile cultural com alguns ritmos pernambucanos na Noite Cultural da quinta-feira (04/07).  O grupo pernambucano Sagarana fez o público dançar e cantar ao som do Cavalo-Marinho, Forró Rabecado e Coco de Roda, resgatando clássicos e batuque tradicionais do Estado.

O que mais chamou atenção dos convidados foi a dança do Cavalo-Marinho. Uma denominação atribuída ao folguedo popular que se caracteriza como teatro, incluindo música, dança e poesia, representando por 73 personagens. Sua apresentação pode durar até 8 horas.

Os personagens do auto refletem a sociedade colonial da Zona da Mata Nordestina: Mateus e Bastião, que trazem o rosto pintado de preto, representam a forte presença negra na empresa açucareira; o capitão, montado em seu cavalo, representa o grande latifundiário, dono do engenho; o soldado, subserviente ao capitão, é o elemento opressor a serviço do poder político; os galantes e as damas aludem à faustosa aristocracia que se desenvolveu em torno da cultura da cana.

A Noite Cultural foi uma experiência muito boa ao trazer as tradições e culturas nordestinas e expressões musicais para o Seminário. Achei o Cavalo-Marinho uma mistura muito forte e intensa, fiquei imaginando como essa dança acontecia com os agricultores lá no canavial. Isso tem tudo a ver com a Agroecologia, pois faz parte da valorização e expressão cultural local como processo pedagógico”, enfatizou a aluna Aremita Reis, do Grupo Aranã de Agroecologia/ UFVJM, de Diamantina-MG.

Gostei muito. Admiro muito as tradições e a musica nordestinas. O que aconteceu na Noite Cultural foi uma forma de apresentar as expressões locais e trazer cultura e arte para dentro do Seminário. A expressão do povo, da comunidade, a forma como eles se relacionam com a dança e as letras tem tudo a ver com a Agrocecologia”, reforçou o jovem Lucas Bittecourt, do  Grupo  de Agroecologia e Agricultura Orgânica/UFV, de Viçosa-MG.

Universidade Lusofonia Afro-brasileira promove ensino focado para a agricultura familiar

Por Daniel Ferreira

A mais recente experiência de cooperação para educação com países de Língua Portuguesa no Brasil é a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). Há três anos, instalado no município de Redenção, no Ceará, o centro acadêmico recepciona estudantes do Cabo Verde, Angola, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor Leste.

Dos sete cursos ofertados na UNILAB, Agronomia é um do mais procurados pelos alunos estrangeiros, que está ligado ao Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR) - uma espécie de coordenação interna dentro da universidade. O ensino do curso é voltado para a realidade rural desses países da cooperação na perspectiva de princípios universais das questões agrárias e ambientais.

Durante os cincos anos de Agronomia, os estudantes desde o primeiro ano vivenciam as Práticas Agrícolas (PA) em comunidades rurais do município da região cearense. O aluno tem um dia da semana para ir a campo e, nos dois últimos anos da universidade, os alunos desenvolvem trabalho de assessoria técnica aos agricultores e agricultoras. Na grande curricular, são ministradas as disciplinas Agroecologia 1, 2 e 3. “Nossa formação e ensino, está focada e projetada para a agricultura familiar, para o pequeno produtor rural”, enfatiza o diretor e professor do IDR, Rodrigo Azevedo.


Click abaixo e confira a entrevista com Rodrigo Azevedo falando mais sobre a proposta do curso de Agronomia da UNILAB: 


Experiências de educação são socializadas nos Grupos de Trabalho

Por Daniel Ferreira



Durante o segundo dia, nesta quinta-feira (04/07), do Seminário Nacional de Educação em Agroecologia os participantes conheceram experiências de várias partes do país e construíram propostas para diretrizes e princípios de educação em Agroecologia. Foram divididos em seis Grupos de Trabalho: Cangaço, Baião, Ciranda, Manguebeat, Xaxado e Maracatu.

Esse momento oportunizou a apresentação de trabalhos acadêmicos e debates para o levantamento das diretrizes de educação em Agroecologia. Ao todo, foram 61 trabalhos selecionados para o seminário com diversas experiências em ensino e aprendizagem agroecológicos de diversos centros de estudos e acadêmicos do Brasil.


As estudantes Ivete Oliveira e Gracie de Souza, de Matinhos no Paraná, trouxeram a experiência do curso de Tecnologia em Agroecologia com o título “Sob o olhar das estudantes: Agroecologia na UFPR Litoral”.  A proposta curricular traz durante os três anos de graduação o Projeto de Aprendizagem (PA) permitindo o estudante vivenciar a prática ao longo do período acadêmico. “A universidade prima pela relação do local, do popular, com a academia. A Agroecologia fortalece os valores do conhecimento”, explica Ivete.

Outra experiência foi a “Agroecologia na formação do ensino médio inovador: o caso do Colégio Estadual Professora Alcina Rodrigues Lima” da cidade de Niterói, no Rio de Janeiro. O trabalho foi apresentado pelo professor da unidade Gustavo Motta. A proposta em trabalhar educação em Agroecologia trouxe a valorização dos espaços escolar e de uma metodologia participativa, como a implantação de uma Agrofloresta em um terreno ao lado da escola. “Além de produção e disseminação de conhecimento, a iniciativa promoveu também a mudança de hábitos de vida entre estudantes e docentes”, disse entusiasmado. 

Formação agroecológica no ensino fundamental e superior permeiam os debates

Por Sara Brito (Centro Sabiá)



A última mesa redonda do primeiro dia (03/07) do I Seminário Nacional de Educação em Agroecologia teve como título Formação e perfil profissional em Agroecologia e as demandas da sociedade brasileira. Com um público diverso com presença de professores, técnicos e estudantes de todas as regiões do país, o debate, mediado por Jorge Roberto Tavares de Lima, do Núcleo de Agroecologia e Campesinato da Universidade Federal Rural de Pernambuco (NAC/UFRPE), girou em torno dos desafios que permeiam o ensino da agroecologia no Brasil e caminhos a serem seguidos para a melhoria e adequação do tema no ensino fundamental e superior. 

Presente na mesa estava Aparecida do Carmo Lima, representante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), compartilhando a experiência da Escola Milton Santos de Agroecologia, em Maringá, no estado do Paraná. A escola é um Centro de Educação em Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável dos Movimentos Sociais Populares do Campo onde são contemplados os ensinos pós-médio, integrado ao médio e a educação de jovens e adultos.

Segundo Aparecida, na Escola Milton Santos a busca é por uma educação contextualizada e direcionada para a reeducação do sujeito, que permanece inserido no campo e atento às ligações que o relacionam com o mundo. “A formação do nosso técnico não se resume à técnica. O método precisa dar conta da formação política, humana e de valores também,” explicou ela. “Precisamos formar sujeitos com compromisso de transformação social,” concluiu.

Alexandre Henrique Pires, coordenador geral do Centro Sabiá, também participou da mesa. Depois da exibição do vídeo Alvorada do Sertão – Educação Ambiental no Pajeú, produzido pelo Centro Sabiá, em parceria com Diaconia, Caatinga e Coopagel e com apoio do Projeto Dom Hélder Câmara, Alexandre falou sobre a necessidade da educação ambiental no ensino fundamental e também de uma formação profissional que leve em conta o cenário da agricultura familiar. “Se a formação profissional não dá conta de olhar para a variação de fatores da vida camponesa, ela não está dando certo,” afirma ele.

Alexandre lembrou também as dificuldades que a educação no campo enfrenta, como o fechamento das escolas em uma estratégia de desterritorialização do campo, a defasagem do ensino de agroecologia na formação dos professores, a formação tecnicista nas universidades e a falta de políticas públicas direcionadas para a melhoria dessas questões. “Um dos diferenciais que podemos seguir são os intercâmbios entre agricultores, técnicos e organizações, que dão conta da sistematização do conhecimento que envolve as experiências de agricultores. Essa troca de experiências pode ajudar e direcionar a formação na agroecologia,” reflete Alexandre.

O professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR Litoral) Valdo José Cavallet refletiu e debateu sobre as dificuldades do ensino da agroecologia nas universidades. Ele lembra que os núcleos de agroecologia e campesinato dentro do ensino superior não são o padrão e sim os focos de resistência. “A agroecologia traz inserido nela o modo de vida e não o meio de vida. Práticas como essa devem ser continuadas,” afirma o professor. Para ele, o erro no processo de formação está em tentar encaixar o estudante em um processo único e engessador. Ele entende que o ensino da prática agroecológica deve ir além das paredes da sala de aula. “A formação jamais pode ser na prancheta. Ela pode ser na sala de aula, mas só é possível fazer formação de vida na vida,” finaliza. Após as falas, o microfone foi aberto para o público expressar seus questionamentos. 

Fotos: Sérgio Fidelis

Mesa Redonda aborda Complexidade, Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade e a Educação em Agroecologia

Por Daniel Ferreira

Foi durante a primeira Mesa Redonda na quarta-feira (03/07) que aconteceu o debate sobre “Complexidade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade e a Educação em Agroecologia”. Os palestrantes convidados foram Américo Sommerman (Cetrans/USP) e Carlos Rodrigues Brandão (Unicamp). A discussão foi mediada pelo professor João Carlos Costa Gomes (Embrapa Clima Temperado/RS).

De acordo com Costa Gomes, a vivência e a teoria precisam dialogar. “Precisamos avançar a base científica para consolidação da Agroecologia. É preciso somar a prática das famílias agricultoras e dos técnicos de campo com o saber acadêmico”, declarou.

Abaixo, a entrevista com Costa Gomes: